O volume de vendas por lojas online no Brasil registrou alta de R$90 milhões entre março e junho de 2020. Antes da pandemia, o e-commerce detinham apenas 5% das vendas totais do varejo – hoje, saltaram para 14%. Em poucos meses, o país atingiu a alta esperada para cinco anos. Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), o país abriu mais de uma loja virtual por minuto desde o início do isolamento social até julho. Foram 135 mil novos estabelecimentos criados na internet nos primeiros dois meses para a venda dos mais diferentes produtos, como alimentos, bebidas, roupas, calçados e produtos de limpeza.

A média mensal de abertura de novas lojas virtuais subiu 230%, passando de dez mil para 33 mil. O índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da câmara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico), apontou que em maio, as vendas mais que dobraram, na comparação entre 2020 e 2019. O mês registrou o pico das vendas on-line até o momento, com crescimento de mais 137%. No mesmo período, o faturamento do setor cresceu quase na mesma proporção, chegando a quase 128%.

A necessidade de encontrar uma solução para a queda nas vendas fortaleceu essa ampliação dos canais de venda nos mais variados setores. Empresários que colocaram no ar sua primeira loja virtual entenderam a importância deste recurso, tanto para o momento atual quanto para o futuro. “Esse é o legado positivo de toda situação negativa que estamos vivendo”, diz o presidente da Abcomm, Maurício Salvador. Segundo ele, os setores que lideraram o ranking de novos sites na internet foram moda, alimentos e serviços.

Maurício afirma que o isolamento social não só acelerou a abertura de lojas na internet como também trouxe novos consumidores para o comércio eletrônico. “A expectativa era ganhar 3 milhões de clientes para as vendas online até o fim deste ano. Mas, só durante a quarentena, foram 2 milhões de novos consumidores que até então nunca tinham feito nenhuma transações pela internet”, declarou.

Na região do Bom Retiro, cerca 75% dos lojistas aderiram a algum meio de vendas online, diz o vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas da região, Nelson Tranquez. Segundo ele, a pandemia chegou num momento em que as empresas ainda se recuperavam de crises passadas. “Com o fechamento do comércio, em março, quem nunca tinha pensado em comércio virtual teve de começar a desenvolver ferramentas para faturar alguma coisa”, destaca Tranquez. Na avaliação dele, a pandemia provocou uma mudança na cabeça dos empresários, que tiveram de se reinventar. Mesmo quem não teve condições de criar um site, passou a vender em marketplace ou por WhatsApp, diz ele.

Na avaliação do presidente da Trevisan, VanDick Silveira, a pandemia obrigou as empresas a repensar seus modelos de negócio. “E ficou claro que o modelo digital dá resultado e veio para ficar.” Com o isolamento social, as pessoas passaram a comprar de tudo pela internet, produtos e serviços. “É uma mudança radical. Tivemos um salto de cinco anos nesse processo (de digitalização do consumidor)”, avalia Silveira.

Fonte: Estadão e Folha de Londrina
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