Conhecida pelo comércio de produtos elétricos e eletrônicos, a história da Rua Santa Ifigênia começa em 1810, quando a via foi aberta pelo Marechal Arouche de Toledo Rendom. No início, era o endereço de vários membros da elite paulistana e pessoas famosas, como Afonso Arinos, Afrânio de Melo Franco e Francisco de Andrade]. Com o passar do tempo, sua vocação comercial firmou-se, principalmente com lojas de tecidos, peles e chapéus femininos.
Os registros históricos mostram que, a partir da década de 1930, o comércio popular se instalou na região. As lojas de material elétrico se instalaram na Santa Ifigênia por volta dos anos 1940.
Com a mudança dos tempos, a rua começou a disponibilizar itens de informática, videogames, celulares e diferentes tipos de eletrônicos. Também há muitas lojas especializadas em consertos desses produtos. Quem visita essa região importante do Circuito das Compras logo percebe que parte do comércio estabelecido ali ocupam prédios históricos, numa mescla de tradição na arquitetura e modernidade no interior das lojas.
Edinésio de Oliveira Brito trabalha na Rua Santa Ifigênia há 35 anos. A maior parte desse tempo na Loja 44, uma das mais antigas da região no comércio elétrico-eletrônico. Atualmente, destaca, as maiores procuras são por sistemas de segurança, como câmaras e controles de acesso.
“Nos últimos anos, mudou bastante a clientela. Muita gente optando por compras na internet. Só que na loja física oferecemos produtos com garantia, atendimento personalizado, sempre esclarecendo dúvidas e oferecendo as melhores opções para o cliente”, disse.
Brito não tem dúvidas que a Santa Ifigênia ainda é “o melhor lugar do Brasil para quem procura produtos elétricos e eletrônicos. Aqui você encontra tudo que precisa nessa área”.
Gerente da Elétrica Paulista há 12 anos, Juliano Moreira faz eco e diz que as lojas da Rua são referência no comércio de material elétrico-eletrônico, atendendo desde quem procura uma lâmpada até um sistema de segurança de última geração.
“Atendemos o Brasil todo, muita gente de fora passa por aqui e leva nossos produtos para suas cidades. Por isso, estamos sempre nos atualizando e oferecendo o que tem de melhor no mercado para suprir essas demandas”.
Igreja e Palacete são atrações turísticas
Com 203 anos de existência, a rua tem muitas histórias para contar. Seu nome é devido à igreja de Santa Ifigênia. Originalmente no local ficava a capela de Nossa Senhora da Conceição, uma das mais antigas de São Paulo.
Em 1809, a capela foi transformada em Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e Santa Ifigênia, por meio de um decreto do príncipe regente Dom João VI. O nome homenageia santa católica Ifigênia (também grafado Efigênia) considerada responsável pela difusão do Cristianismo na Etiópia, nordeste da África, um dos países mais antigos do mundo.
O templo católico no estilo neorromântico foi construído entre 1904 e 1913. O projeto foi do arquiteto austríaco Johan Loren Madein. Entre 1930 e 1954, enquanto era erguida a Sé de São Paulo, a igreja de Santa Ifigênia serviu de catedral da cidade. Em 1958, foi elevada ao grau de basílica, com nome de Basílica do Santíssimo Sacramento, pelo papa Pio XII. O prédio foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo em 1992.
A igreja é uma das atrações turísticas da região e missas continuam sendo realizadas diariamente, atraindo fiéis católicos.
Outra visita que vale a pena é ao Palacete Helvetia. O prédio foi inaugurado em 1923, na esquina das ruas Santa Ifigênia e Aurora. Sua arquitetura é considerada um dos símbolos da São Paulo do final do século XIX.
O edifício foi projetado pelo cônsul suíço Achilles Isella. O diplomata era proprietário da Casa Helvetia, especializada no comércio e importação de materiais de construção de origem europeia. O Palacete originalmente abrigava um hotel de luxo, chamado Luanda, nos andares superiores. O térreo sempre foi destinado ao comércio.
Em 1986, o prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, como parte de um projeto de preservação. Atualmente, o palacete abriga lojas de comércio eletrônico.