A comunidade libanesa que vive no Brasil, formada em sua maioria por descendentes, é maior do que a população do Líbano. Estima-se que são cerca de 10  milhões de libaneses e descendentes em território brasileiro, contra os 6 milhões que vivem no Líbano.

Em 2021, são comemorados 141 anos do início oficial da imigração árabe para o Brasil. Foi em 1880 que o primeiro navio com libaneses deixou o porto de Bekaa, estimulados pelo imperador Dom Pedro II, que visitou o país quatro anos antes. A maioria dos libaneses imaginava estar migrando para os Estados Unidos, porque o Brasil era praticamente desconhecido.

“Originalmente, os libaneses não vêm para o Brasil, vêm para a América, entendendo que era a possibilidade de refazer a vida. Aí iam desembarcando nos portos, desembarcando em Buenos Aires, no Rio de Janeiro, em Santos, e alguns nos Estados Unidos. A América em si é que era o destino”, explica o professor de História Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Murilo Bon Meihy, autor do livro Os Libaneses.

Naquela época, a região onde ficam países como o Líbano e a Síria  faziam parte do Império Otomano. Os primeiros imigrantes daquela região muitas vezes eram confundidos, mas incorporaram esses laços em comum, como na fundação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um dos mais importantes do Brasil, idealizado pelo imigrante Adma Jafet.

Com o fim do Império Otomano, após a Primeira Guerra Mundial, o Líbano moderno foi criado oficialmente em 1920, mas ficou sob tutela da França. Somente em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, teve a independência reconhecida. Foi neste contexto histórico que muitos libaneses deixaram suas famílias e embarcaram nos portos rumo ao Novo Continente. Aqui, uma vez estabelecidos, mandavam vir os familiares.

“Os libaneses vieram para o Brasil e se concentram em sua grande maioria nas cidades. É uma migração eminentemente urbana. Originalmente, a intenção desses imigrantes era fazer uma migração temporária pro Brasil. Vir pro Brasil, ficar aqui dois, três anos, juntar dinheiro e voltar pro Líbano. O problema é que por conta dessa situação de instabilidade [no Líbano], o que era temporário passou a ser permanente”, explica o historiador Murilo Meihy, em referência à turbulência pela qual o país atravessaria ao longo do século XX, como a luta pela independência da França e as disputas internas dos grupos confessionais pelo controle do Estado libanês, que culminou com a Guerra Civil Libanesa (1975-1990).

Há també muitos descendentes nascidos no Brasil que voltaram para a terra dos seus antepassados. O Itamaraty estima que pelo menos 20 mil brasileiros vivem no Líbano. A maioria no Vale de Beqaa, uma importante região para o país por suas terras férteis.

Libaneses em São Paulo

Uma das maiores concentrações de libaneses está em São Paulo. Os imigrantes vindos do Líbano trouxeram contribuições essenciais para o desenvolvimento de algumas regiões da capital, a exemplo da área conformada pelas ruas 25 de Março, Cantareira e a Avenida do Estado.

Além disso, há marcas históricas visíveis e conhecidas na cidade, ainda nos dias atuais, em nomes de logradouros, como a Avenida República do Líbano. Além dos restaurantes árabes que se espalham pela cidade, existem locais bem conhecidos como o Clube Sírio-libanês e o Hospital Sírio-libanês.

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