Hoje, 222 de novembro, é o Dia da Imigração Libanesa. A data foi instituída por lei e integra o calendário oficial do Estado de São Paulo.

A imigração libanesa no Brasil começou no período colonial, quando os primeiros árabes chegaram ao país para trabalhar como comerciantes. Na época, os otomanos dominavam o Oriente Médio e muitos cristãos fugiam do Líbano em busca de uma nova vida. 

A história registra que a primeira grande leva de libaneses desembarcou em terras brasileiras na década de 1880. O imperador dom Pedro II viajou à região em 1876 e abriu as portas do país para recebê-los.

Libaneses em São Paulo

Uma das maiores concentrações de libaneses está em São Paulo. Esses imigrantes trouxeram contribuições essenciais para o desenvolvimento de algumas regiões da capital, em especial a área compreendida entre as 25 de Março, Cantareira e a Avenida do Estado. A região hoje faz parte do Circuito das Compras.

A maioria deles trabalhavam como mascates, ou caixeiros-viajantes. Eles recebiam mercadorias a crédito e iam para o interior ou subúrbios da cidade para mascatear. Conforme a historiadora Rose Karacho, autora de “Memória da rua dos árabes: história da rua 25 de Março, São Paulo”, “eles carregando malas e caixas que chegavam a pesar de 40 a 60 quilos presas aos ombros com tiras de couro, anunciavam suas mercadorias por meio da matraca, um instrumento de percussão. Das caixas saíam (…) alfinetes, dentaduras, cosméticos, óculos, novelos de lã, tesourinhas, pentes, colarinhos e punhos duros, botões de madrepérola, agulhas, gravatas, meias, fitas rendas e tantos outros produtos (…), lençóis, poucos vestidos já prontos ou apenas alinhavados, pijamas”

Loja de imigrante na Rua 25 de Março. Foto: Museu da Imigração

Conforme os registros históricos, depois de um tempo, com um pouco de dinheiro guardado, os imigrantes abriram seus próprios negócios. As mercadorias negociadas por eles vinham de carroça até o Ipiranga e, por meio fluvial, até a rua 25 de março. Até o século 19 naquela região do centro ficava o Porto Geral, que hoje dá nome à Ladeira Porto Geral. Posteriormente, esses comerciantes começaram a ser vendidas no atacado para lojas do interior do Estado. Isso ajudou a tornar a rua o maior shopping a céu aberto da América Latina.

A pesquisadora Juliana Khouri, da USP, fez uma pesquisa in loco, entrevistando donos de lojas. A partir do levantamento de 824 estabelecimentos comerciais no bairro do Brás, foi constatado que 26,42% pertencem a libaneses e 1,66% a sírios. “A maioria se dedica ao comércio de calças jeans — 62,43% das lojas dos sírios e libaneses existentes no bairro — concentrando-se nas ruas Maria Marcolina, Miller, Joli, Xavantes, Maria Joaquina, Mendes Júnior e Barão de Ladário”.

Entre as 621 casas comerciais na 25 de Março e adjacências, a pesquisa verificou que 12,65% pertencem a libaneses, 7,46% a sírios, 1,26% a sírio-libaneses, 2,07% de armênios (que passaram pelo Líbano e Síria antes de chegarem ao Brasil).

Até hoje existem várias marcas históricas visíveis e conhecidas em São Paulo da influência dos libaneses. Por exemplo, em nomes de logradouros, como a Avenida República do Líbano. Além dos restaurantes árabes que se espalham pela cidade, existem locais bem conhecidos como o Clube Sírio-libanês e o Hospital Sírio-libanês.

Para saber mais

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Brasil abriga a maior comunidade de libaneses e descendentes fora do país. São mais de 7 milhões de pessoas. Para efeitos de comparação, a população do Líbano é de 5,6 milhões, segundo o Banco Mundial.

Para quem deseja conhecer melhor a história da imigração libanesa, há livros como “Memória da rua dos árabes: história da rua 25 de Março, São Paulo”, de Rose Karacho, “Patrícios – Sírios e libaneses em São Paulo”, de Oswaldo Truzzi,e “Brimos: imigração sírio-libanesa no Brasil e seu caminho até a política”, de Diogo Bercito.

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