O bairro da Liberdade abriga uma série de lugares históricos de São Paulo. Quem visita o local poderá ver ao lado da praça um pequeno templo católico com nome peculiar: Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados.

Sua origem remete a  20 de setembro de 1821, quando o militar Francisco José das Chagas (Chaguinhas) viu a corda da forca a que fora condenado romper por duas vezes.

Conforme os registros, a população que assistia ao enforcamento, no local conhecido como  Paço da Forca (atual Praça da Liberdade), pediu clemência para Chaguinhas, acreditando que os rompimentos da corda eram um sinal divino da sua inocência.

As acusações contra Chaguinhas é que ele liderou um movimento que pedia aumento do soldo e igualdade no tratamento de soldados brasileiros e portugueses. As autoridades acabaram cumprindo a sentença, matando-o a pauladas.

Sua condenação chocou a cidade, mas muitos católicos acreditavam que o fato de ele ter escapado da forca por duas vezes era um tipo de milagre. Segundo a Arquidiocese de São Paulo, o ocorrido “gerou uma devoção imediata naquele local. Velas foram acesas e uma cruz foi erguida”.

No local onde ficava a peça de madeira, denominada “Santa Cruz dos Enforcados”, foi construída uma capela de taipa de pilão que manteve o nome. Também surgiu ali a Irmandade de Santa Cruz dos Enforcados, entidade que organizava a Festa de Santa Cruz em 3 de maio.

Apesar de algumas fontes indicarem a construção da capela em 1887, o Arquivo da Cúria Metropolitana registra a fundação em 1891, sendo sua primeira missa realizada em 1º de maio daquele ano.

A capela foi demolida em 1926, dando lugar à Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, também chamada de “Igreja das Almas”. Em 1958, o pequeno edifício passou pela sua reforma final, quando foi construída a torre e as configurações atuais.

A igreja continua funcionando até hoje na Praça da Liberdade, nº 238, com missas regulares às segundas, terças, sextas, sábados e domingos.

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