Um dos bairros mais conhecidos de São Paulo, a Liberdade integra o Circuito das Compras e possui um comércio muito forte, atraindo milhares de turistas. A região guarda uma rica herança cultural, desde o Brasil colonial, passando pela onda de imigração japonesa, chinesa e coreana. Conforme o calendário oficial da capital, comemora-se a fundação do bairro no segundo sábado de dezembro.

Este ano, ele completa 118 anos de existência. Embora a data oficial de criação do bairro seja 1905, a história da região é mais antiga. O local hoje fica a praça da Liberdade, originalmente era conhecido como Largo da Forca, sendo palco de execução de escravos fugitivos e condenados à pena de morte. Segundo a tradição, o nome do bairro surgiu em 20 de setembro de 1821, quando o soldado Francisco José das Chagas seria enforcado, mas a corda arrebentou três vezes. Com isso, a população que assistia ao ato teria começado a gritar “liberdade” e isso ficou associado com o local.

Durante o século XIX, imigrantes portugueses e italianos que chegavam a São Paulo construíram grandes sobrados. Posteriormente, elas viraram pensões e repúblicas que abrigariam, nas primeiras décadas do século 20, as primeiras levas de imigrantes japoneses.

O crescimento da Liberdade começa na primeira década do século 19, num contexto em que a cidade experimentava uma rápida transformação devido à industrialização e precisava de mão de obra. Foi nessa época que os imigrantes começaram a vir para o Brasil, em busca de trabalho e uma nova vida. Um dos marcos desse movimento migratório é o navio Kasatu Maru, que chegou no porto de Santos, em 1908, trazendo os primeiros japoneses.

Apesar da grande distância cultural e linguística, os japoneses passaram a integrar o mosaico humano da maior cidade do Brasil. Concentrados na região da Liberdade, desde que chegaram aqui começaram a divulgar suas tradições, costumes e culinária, gradualmente transformaram a área em um pedaço do Japão em solo brasileiro.

Por exemplo, o tori, imponente pórtico vermelho da rua Galvão Bueno, tem nove metros de altura. Ele remete aos portais existentes na entrada dos santuários xintoístas do Japão e que seriam uma porta de entrada para o divino. Conhecidos como suzurantos, os postes de luz do bairro são inspirados nas lanternas japonesas. Além de iluminar a rua, criam uma atmosfera especial na região.

Algumas fachadas de estabelecimentos comerciais da Liberdade seguem a arquitetura oriental, com beirais, detalhes em dourado e vermelho. Destacam-se o Banco Bradesco e o McDonald’s na Praça da Liberdade.

As ruas do bairro têm uma infinidade de lojas, restaurantes e mercados que oferecem produtos japoneses autênticos. A Feira da Liberdade, criada na década de 1970, tornou-se um evento icônico, reunindo não apenas a comunidade japonesa, mas também pessoas de diversas origens, criando uma atmosfera vibrante e multicultural.

Dados da Embaixada do Japão estimam que aproximadamente 2 milhões de japoneses e descendentes, a maior população de origem japonesa fora do Japão, vivem no Brasil.

Nas últimas décadas, a Liberdade também passou a ser habitada por imigrantes vindos de outros países asiáticos, como China, Coreia do Sul, Tailândia e Filipinas. Por isso, também é chamado de o Bairro Oriental de São Paulo.

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