A Associação dos Empreendedores do Circuito das Compras (APECC) foi sede de uma reunião com associações de imigrantes de São Paulo nesta quarta-feira, 11 de agosto. O objetivo do encontro foi debater soluções para os problemas que as pessoas enfrentam ao se estabelecerem no Brasil. Segundo Thomas Law, conselheiro diretivo da APECC, é preciso trabalhar para reunir iniciativa privada e poder público. Também participaram da reunião pela APECC o ombudsman da associação, Peter Souza, e o advogado Négis Aguilar da Silva, da área tributária.

“Revitalizar o Centro não é só pensar nos prédios, no urbanismo. Mas é pensar nas pessoas que lá frequentam. E quem são as pessoas? Esta foi uma das razões pelas quais levamos o projeto para o prefeito. A gente entende que São Paulo é uma mistura. Temos todos neste mundo dentro da cidade de São Paulo. E sabemos que tem muitas questões sociais dentro deste trabalho todo que temos que tentar resolver junto com o poder público e a iniciativa privada”, afirmou Thomas.

O encontro foi organizado em parceria com o Centro de Apoio e Pastoral do Imigrante (CAMI), coordenado pelo padre Roque Patussi, e a assistente social Carla Aguilar. Participaram representantes das comunidades boliviana, venezuelana, chilena, angolana, haitiana e nigeriana.

Eles apresentaram como prioridade a regularização dos documentos dos imigrantes, algo necessário para obter contas bancárias, matricular os filhos em escolas e regularizar seus comércios e investimentos.

“O principal problema é quando não se tem acesso ao documento que dá início a todos os demais processos, que é o documento de residência. Por três anos estamos sofrendo com esse problema. Disseram que estavam mudando o sistema, mas nunca encontraram um sistema que ajude a população imigrante e refugiada”, lembrou o padre Roque Patussi. Segundo ele, há três anos o problema tem sido mais recorrente e agora é uma prioridade na vida dos migrantes e refugiados no Brasil.

“A falta de documentos afeta todas as áreas: saúde, educação, regularização bancária, o recebimento de auxílio emergencial. Não há agendamento. Quando há, exigem o documento migratório de entrada. Há gente que está aqui há muito tempo e não tem mais o documento de entrada. Há  gente que entrou como refugiado durante a pandemia e também não tem”, destacou  a advogada Patrícia Veigas, da comunidade boliviana.

O refugiado sírio Abdoul Baset Jarour reforçou a importância da união entre os coletivos. “Temos que fazer uma pressão sobre as autoridades políticas. Enquanto não tivermos o direito de votar, nenhum político vai se interessar pela nossa causa. Precisamos ser regularizados pelo nosso futuro, pelos nossos filhos”.

Para a advogada Ruth Camacho, da comunidade boliviana, está ocorrendo uma supressão dos direitos dos imigrantes. “Hoje estamos lutando pela manutenção de um direito que temos que está sendo tolhido pela Polícia Federal. Estamos em plena política de excessão contra os imigrantes”.

“Para mexer com essa estrutura só tem um jeito: se organizando. Colocamos a APECC como interlocutor dessa organização com o Poder Público”, reforçou Peter Souza, ombudsman da APECC.

Após o encontro, ficou decidido que a APECC encaminhará as demandas reunidas à Polícia Federal e ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para buscar formas de resolução dos problemas e questões em conjunto com o CAMI.

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