As empreendedoras estão entre as mais afetadas pela pandemia em 2020, mas foram as que melhor atuaram para se restabelecer dentro do chamado novo normal. De acordo com algumas estimativas, cerca de 52% das empreendedoras tiveram que fechar suas empresas, seja temporariamente ou mesmo de vez, porém, 69% delas já vendiam ou passaram usar estes canais com a chegada da crise sanitária.
Apesar de saírem na frente na hora de fazer vendas online e marketing digital, as mulheres não se beneficiam dessas ferramentas digitais para gerir seus negócios. Segundo pesquisa do Sebrae em parceria com a FGV, 68% dos homens já utilizam esse tipo de ferramenta, enquanto, entre elas, o percentual é de somente 32%.
Segundo a coordenadora nacional de empreendedorismo feminino do SEBRAE, Renata Malheiros, o faturamento de empresas abertas por mulheres continua menor que o de homens. A carga horária é citada como um dos principais motivos para esse quadro, especialmente durante a pandemia: por acumularem as tarefas do lar junto com a vida profissional, as mulheres dedicam cerca de 18% de horas a menos a seus negócios. Outro motivo apontado é a área de atuação. Os dados apresentam que o empreendedorismo feminino geralmente ocorre nos setores de alimentação, moda e beleza, por causa de crenças limitantes à presença feminina em áreas como tecnologia, ciência e exatas.
“Eu vejo que há uma questão cultural aí. Muitas mulheres empreendedoras dizem que preferem deixar a parte da gestão para o marido, ou para o contador. Mesmo estando muito familiarizadas com as mídias digitais e indo bem nas vendas online, elas não buscam ferramentas digitais para gerir seus negócios”, disse Renata. “No Brasil, muitas mulheres são levadas ao empreendedorismo depois da maternidade, criando negócios que são feitos em casa, como marmitas, doces ou costura. Pode parecer uma boa solução porque facilita a vida delas. Mas por outro lado, quando o trabalho é em casa e ele se mistura com as demandas domésticas que recaem sobre a mulher, não dá para gerenciar bem a vida profissional”, ressalva.
Para fortalecer o empreendedorismo feminino, o Sebrae/SP lançou o Movimento Sebrae Delas SP. O foco é apoiar essas mulheres que desejam ter um negócio próprio, ajudando a despertar o autoconhecimento, aumentar a rede de contatos e melhorar a competitividade, além de auxiliar no acesso a mercado e acesso ao crédito orientado. O programa atende quatro pilares: inspiração, capacitação, impacto e mentoria. Ao todo são 13h de capacitações online e mais 2h de mentoria agendada.
Empreendedorismo feminino tem crescimento tímido
A participação das mulheres na liderança de negócios cresce pouco por causa das muitas barreiras e desafios. De acordo com levantamentos do Sebrae, entre 2017 e 2018, a proporção de mulheres Donas de Negócio que são “chefes de domicílio” passou de 38% para 45%.
Em 2019, com base em dados do IBGE, as 9,3 milhões de mulheres que estavam à frente de um negócio, seja como Empregadora ou Conta Própria, somavam 34% de todos os donos de negócios formais ou informais, no Brasil. As análises mostram ainda que elas são mais jovens e têm escolaridade 16% maior que a dos homens. Ainda assim, elas continuam ganhando 22% a menos que eles.