A pandemia do novo coronavírus mudou as práticas de consumo de pessoas em todos os países – afetados pela crise de saúde ou não. Mesmo com a reabertura comercial em algumas regiões do mundo, é difícil prever como será a retomada do consumo, e diferentes fatores contribuem para a mudança do status quo. O desemprego, o distanciamento social e o aumento das compras online são alguns dos aspectos que ressaltam o debate sobre a construção de um novo padrão de comportamento do consumidor.
Para Kristina Rogers, líder global de consumo da consultoria EY, a mudança da economia precisa ser acompanhada ao longo dos próximos meses para definir quais comportamentos do consumidor podem mudar para sempre e ser de fato duradouros. Sobre as tendências, Rogers afirma que as pessoas têm buscado mais produtos locais e se acostumado a comprar online. A relação ficou mais virtual de modo em geral – padrão seguido pelo trabalho remoto, com reuniões por videoconferência, por exemplo.
“Muitas pessoas estão comprando online pela primeira vez, e parte delas não fará questão de voltar aos shoppings para comprar alguns itens. Os e-commerces e deliverys têm crescido e assim devem continuar.”
Sobre as principais mudanças de comportamento de consumo observadas, Kristina declara que tem acompanhado algumas, mas destaca que a questão principal é identificar quais dessas vão se manter num período de “novo normal”. “Do que observamos, os consumidores estão gastando menos e não se incomodam de não comprar agora, por exemplo, roupas e cosméticos”, confirmou Rogers. “Em breve, precisamos entender também como fica a vida fora de casa, com hábitos como a utilização de veículos e a ida aos restaurantes”, complementou.
De acordo com um levantamento feito pela EY, apenas 9% dos entrevistados na primeira fase da pesquisa de futuro do consumo afirmam que irão gastar mais. Outros pretendem manter o padrão ou gastar menos – comportamento estimulado pelo desemprego e pela crise econômica em seus países. Um quarto dos entrevistados diz que presta mais atenção no que consome e o impacto que isso tem. E, para elas, perceber o quanto foi economizado durante a pandemia ao priorizar apenas a compra de itens essenciais pode refletir drasticamente nas indústrias. Na pesquisa, 62% dizem que teriam mais chances de comprar de empresas que acham que estão fazendo o bem para a sociedade.
“Sabemos também que o preço ainda é um fator determinante na escolha do produto, ainda mais em um período de crise. De todo modo, é provável, que essas marcas tenham vantagens na hora da tomada de decisão”, finalizou Kristina.